25.12.12

All I want for Christmas is... what?

Me lembro de quando o natal era uma data realmente especial. No dia 24, acordava e ia ler minha Bíblia Infantil, enquanto minha mãe preparava alguma coisa para a ceia, que geralmente era na casa da minha tia, ou do meu avô.

Eu não sei quando foi que o Natal deixou de ser uma data especial para mim. Provavelmente quando eu comecei questionar religião e seus dogmas. Ou talvez foi quando aconteceu de não ter festa e eu ter ficado em casa com meus pais, vendo Heroes e comendo sanduíche de frango defumado. As mortes do meu avô e do meu tio, no ano passado, devem ter reforçado isso de alguma forma.

Sei dizer pra você que esse ano eu quase não percebi o Natal chegar. Não sei se eu ainda estar indo pra escola ajudou nisso, talvez.

A ceia ontem foi ótima, ri muito com o o tio que disse que o Chico Buarque era um tarado e com o primo que disse que a primeira pessoa a sofrer bullying no Brasil foi a Geni, mas a festa não tinha o significado de antes. Não sei explicar.

Talvez crescer seja isso. Ou não.

20.12.12

Saudade... saudades.



Acho que todo mundo fica meio melancólico no final do ano. O grande problema é quando, somado ao final do ano, vem o final de uma etapa.


Eu achava que, quando eu terminasse o Ensino Médio, sentiria muita alegria por terminar tudo. Não é o que eu sinto agora. Estou contente porque provavelmente estarei em alguma universidade ano que vem. Mas estou de coração partido, porque fevereiro que vem, eu não vou percorrer meu caminho habitual de toda manhã. Não verei mais o semáforo quebrado da avenida com os mesmos olhos, olhos de quem acabou de acordar e não quer ir pra escola. Mas sim com olhos de quem está pensando "poxa, eu já estudei ali naquele colégio". E lembrarei que houveram momentos bem ruins, mas que os bons momentos se sobressaem, de alguma forma.

Tudo o que eu escrevi provavelmente soa como um clichê. Mas, me diga, pra quê algo mais clichê que sentir saudade?

Publicado na fanpage Entre Linhas. Curtam!

18.12.12

sem título.

me sinto um pouco estúpida.

depois de tudo o que eu tentei, de tudo o que eu fiz... talvez eu merecesse um pouco mais de respeito... ou uma explicação mais concreta do que se passou.

me pergunto que os outros, a quem recorri para pedir ajuda, pensam de mim. "hahaha, tolinha".

um tanto quanto triste que esse seja o final escolhido. mas é um final.

um ano termina, uma fase termina e uma palhaçada termina também. porque essa situação já virou palhaçada e eu nem sei ao certo o motivo pra estar tudo assim.

sem mais.

6.12.12

"don't look back 'cause you know what you might see"


ao contrário do que me recomenda a canção, olho pra trás, sim. o que vejo é uma menina. mas, deixo claro, também não sou mulher feita. achava que era muito madura aos 14 ou 15 anos: hoje, sei que não sou madura nem aos 17. eu era chata demais, intolerante demais, crítica demais, "cult" demais. reconheço que ainda sou chata e crítica, mas acho que me tornei mais flexível. ia dizer tolerante, mas me lembrei da frase de saramago: "tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é pouco". preciso trabalhar mais meu lado não-preconceituoso, mas estou feliz com o que consegui.

ao contrário do que eu achava que seria aos 17, eu não sou tão esperta assim. por algum motivo que desconheço, pareço acreditar mais no melhor das pessoas. ainda acredito que elas podem mudar e se tornarem melhores do que são, consertando, assim, os erros. eu mantenho sempre o pé atrás, mas não atrás o suficiente. provavelmente quebrarei a cara com isso no futuro.

embora secretamente, eu achava que era muito melhor que algumas pessoas. seja porque meu boletim era todo bonitinho, sem notas vermelhas, seja porque eu gostava de, sei lá, beatles. hahahaha, patrícia. como eu era medíocre de pensar assim. posso ser medíocre em (vários) outros aspectos, mas pelo menos não mais nesse aspecto. alguma coisa em mim tinha que melhorar, não?

baixei o nariz. reconheço que eu era metida aos 14 ou 15 anos. achava que sabia tudo. e eu não sabia nada.  e eu não sei nada. quero dizer, sei dividir polinômios, sei quem descobriu o brasil... mas e daí? a sensação que eu tenho é que quanto mais conheço e questiono, menos sei. possivelmente é uma ideia clichê: não sou a primeira dizer, diretamente ou não, que "só sei que nada sei",  mas pelo menos não estou sozinha nessa, porque a solidão nem sempre me faz bem, não é sempre que gosto de estar sozinha com os meus fantasmas.  

de tudo o que eu acho que sei, algo é certo: "no one can give me the air that's mine to breath". acompanhada ou sozinha, tenho que me encontrar

27.11.12

Do semáforo quebrado

Estava voltando para casa, à pé, como de costume. Parei para esperar o semáforo, que está com o visor de pedestres quebrados (ALOW SMTT!!). Uma senhora, que estava com a filha, comentou comigo o absurdo  daquilo.

Atravessei a rua e já estava pronta pra me despedir de minha companheira de indignação quando ela me perguntou se eu sabia onde era o Colégio Alfa. Me limitei a explicar que achava que a escola já não existia, mas que o prédio era próximo ao final da avenida. Ela queria saber porque o colégio estadual da filha, que em 2013 começa o Ensino Médio, ia mudar para lá.

Ela começou a perguntar sobre mim. Comentou que meu colégio era caro, perguntou minha série, o que eu queria estudar na universidade. Também disse que o colégio era caro, mas pelo menos não tinha greve e paralização, a estrutura era boa, tinha aula de tudo.

A filha, segundo a própria mãe, não era ninguém para a família, mas que ela havia de tornar a filha dela alguém melhor na vida. Sugeri que a menina fizesse a prova de ingresso no IFBA para o Ensino Médio Integrado. E então nos despedimos. Ela perguntou meu nome e disse que não ia esquecer, porque na rua dela tinha uma pessoa que se chamava Patrícia também.

Descobri, quando cheguei em casa, que as inscrições do IFBA já tinham sido encerradas.

Espero que, independente da prova ou não, essa menina possa se tornar alguém na vida, como a mãe tanto quer.

20.11.12

Amar sem sombras

"Esta é a história de uma mulher e de um homem que se amaram plenamente, salvando-se assim de uma existência vulgar. Eu a levei na memória conservando-a para que o tempo não a desgastasse e é só agora, nas noites silenciosas deste lugar, que finalmente posso contá-la. Eu o farei por ele e por outros que me confiaram suas vidas dizendo: toma, escreve, para que o vendo não as apague." - Isabel Allende

Eu já havia visto o filme baseado em De Amor e De Sombra, romance de Isabel Allende, algum tempo atrás. Confesso que não lembrava de muita coisa da história, mas, ao ver a edição "vira-vira" (2 livros em 1. O outro livro é A Casa dos Espíritos) na Livraria Saraiva, em Salvador, me senti tentada a comprar. E, sovina que sou, o preço foi ainda mais tentador: com o desconto, ficava por R$12,90.

Saí da livraria feliz, com o livro e um CD em mãos, achando que não poderia ficar melhor. Não é que ficou?

Quero avisar que De Amor e de Sombra é um romance nitidamente à esquerda. Por quê vejo o livro dessa forma? Primeiro, a biografia de Isabel Allende nos dá uma forte pista. Ela é sobrinha do ex-presidente chileno Salvador Allende e foi exilada por ocasião do golpe militar em seu país. Em segundo lugar, está a forma como o enredo é conduzido. O interessante e curioso é que Isabel Allende não cita o país onde a história se passa, mas várias pistas são dadas para que possamos concluir que esse lugar é o Chile.

Irene Beltrán é uma jovem jornalista, noiva de um capitão do Exército e alienada politicamente. Um dia, ela conhece Francisco Leal, que vai trabalhar como fotógrafo na redação que ela chefia. Eles decidem fazer uma reportagem sobre Evangelina Ranquileo, que mora em um pequeno povoado e é tida como uma santa, por realizar alguns milagres. Irene e Francisco vão até Los Riscos presenciar os feitos da garota e, nesse dia, os policiais chegam para prendê-la. E, puft, ela some. Os dois começam, então, a investigar o mistério do sumiço de Evangelina. Enquanto isso, envolvem-se cada vez mais e se apaixonam. E, olha, a paixão deles é algo lindo.

O pai de Francisco, para mim, é a maior prova do caráter ~subversivo~ do romance. Espanhol fugido do regime de Franco, o professor Leal era marxista e, após algumas desilusões com a URSS, torna-se anarquista. E ele é simplesmente um dos melhores personagens do livro. Já a mãe de Irene, Beatriz Alcantara, é descrita como uma mulher alienada, que não suporta a ideia de que seu marido, desaparecido, possa ter sumido por ser comunista. Em alguns pontos, tem-se a impressão de que ela é uma vilã, por embora De Amor e de Sombra não tenha, de fato, nenhum vilão a não ser a ditadura instalada no país.

Quando assisti ao filme, confesso que não havia entendido o que seriam as "sombras" do título. Após a leitura, tornou-se tão óbvio para mim que chega a ser vergonhoso eu não ter compreendido de início: as sombras são a ditadura, a repressão, a censura. Que todas as más experiências de uma ditadura sirvam de lição: quero um mundo de amor, sem sombras.

16.11.12

Voo em queda livre

"Da passarela olhou para o córrego poluído e para as centenas de luzes dos carros. Sabia que não tinha asas, mas queria voar para outro lugar mesmo assim."


1º lugar (Nível Médio) no concurso de microcontos organizado pelo IFBA-Barreiras. Aqui a página com os outros textos.
Confesso que fiquei surpresa e feliz com a colocação. :)

13.11.12

e agora, ___?

a festa (do amor) acabou, a luz (da paixão) apagou, o povo (você) sumiu, a noite esfriou.

e agora?

9.11.12

"Somebody told the stars you're not coming out tonight...

...and so they found a place to hide" [Black Treacle - Arctic Monkeys]

É tão desolador que chega a ser engraçado perceber como duas pessoas tão próximas podem seguir caminhos tão opostos. "Conte comigo", a gente diz. A pessoa responde "conte comigo também!" e de repente vocês se desentendem, passam uma semana sem se falar, discutem de novo e, quando você dá conta já faz quatro ou cinco meses que não manda ou recebe sinal de fogo. Tanto segredo trocado... tanta estranheza tocando-nos.

Mas as estrelas já sabem que essa noite você não vai sair - só que agora elas não querem se esconder.

2.9.12

Uma pequena lista.

Tenho alguns livros acumulados para ler. Alguns eu não incluí porque duvido que terminarei de lê-los algum dia hahaha. Se o livro fica chato demais, eu tenho dificuldade para prosseguir. Um hábito feio, eu sei. Se eu fosse incluir tudo que eu tenho e que nunca terminei de ler, a lista triplicaria, acho.

Minha lista é essa:
A Taça de Ouro - Henry James [Comprei em maio de 2010. Comecei a ler e achei muito denso, acabei desistindo. Talvez me caia melhor agora. Ou não]
Liberdade Ainda Que Tardia - Álvaro Cardoso Gomes [Uma biografia de, advinhem, Tomás Antônio Gonzaga. Li as primeiras páginas, parece uma leitura bem gostosa]
Madame Bovary - Gustave Flaubert
Drácula - Bram Stoker
Os Miseráveis - Victor Hugo [Já comecei a ler, na verdade. Mas parei no meio, não sei porque. Não achei a escrita tão complicada que o tornasse chato, e a história é interessante. Vá entender...]
O Senhor dos Anéis - J. R. R. Tolkien [Eu já li parte do primeiro livro (A Sociedade do Anel) e achei incrivelmente chato. Mas talvez eu devesse dar uma nova chance a Tolkien, não?]
Uma Breve História do Brasil - Mary Del Priore e Renato Venâncio
Um Amor Sem Palavras - Rachel Simon

Tem alguns livros em inglês também, como Golden Hill, de Shirley Lord (nunca tinha ouvido falar dessa escritora) e Shangai Girls, de Lisa See. Estou também com três volumes (1933, 1944 e 1956) de uma coleção antiguinha da revista Time chamada Time Capsule. É uma espécie de resumo do ano, através de manchetes da Time. Confesso que comprei por causa do preço - cada um foi R$2.

Além desses que são da minha estante, estou com Quarup (Antonio Callado) para ler, mas ainda não comecei. E tem High Fidelity, de Nick Hornby, que estou lendo em inglês no computador.

A minha mãe meio que me proibiu de comprar livros enquanto eu não ler tudo. Na verdade, não é bem uma proibição, mas ela faz todo um discurso pra me fazer sentir culpa - e aí eu desisto de comprar, até porque compro com o dinheiro de meus pais. Hahaha.

Essa é uma das vantagens de não ganhar o próprio dinheiro: você não gasta com tudo o que vê pela frente. E devo dizer que é uma das desvantagens também.

De como me tornei Marília de Ninguém

Eu costumava ler muito... até que eu entrei no Ensino Médio. Acabei perdendo, pouco a pouco, o hábito da leitura, sob a justificativa de que, ao terminar de estudar, sempre estava cansada demais para me entregar às páginas. Não é uma mentira, mas também não é exatamente a verdade, já que ler pode ser bem relaxante também.

Agora, mais próxima do que nunca de pegar a ficha 19, tentarei retomar meu antigo ritmo de leitura. A criação do blog é pra me estimular a não desistir da meta (inicial) de um livro por semana. Tentarei também ver ao menos um filme por semana. Parece insano eu começar esse desafio justamente agora, com os fucking vestibulares chegando, mas... a quem eu quero enganar? Sou procrastinadora por natureza. Se eu não lançasse a meta, arrumaria outra maneira de adiar os estudos.

O pseudônimo é homenagem à musa de Tomas Antônio Gonzaga, Marília. Como me falta um Dirceu (e acredito que, no fundo, talvez não faça falta), fico sendo "Marília de Ninguém" mesmo.

Que eu não desista desse blog, assim como fiz com os outros mil que já criei.